segunda-feira, 19 de novembro de 2007

como o natal não é igual para todos - os sem abrigo


Num frenesim maluco, as pessoas inundam as lojas, espreitam montras, compram e trocam prendas, fazem jantares de natal.

É a fruta da época.

Já não passamos sem estas correrias, debaixo de iluminarias apelativas, que nos avisam que estamos em plena época natalícia.

Sempre ouvi dizer que o Natal, é a festa da família por excelência, onde todos se reúnem à volta de uma mesa, farta, de famosas iguarias.

É uma noite longa, hoje nem tanto, o Pai Natal já não desce pelas chaminés, nem tão pouco os brinquedos, vêm da sua oficina artesanal, lá para as terras frias do fim do mundo e do Sol da meia-noite.

Hoje em dia, à meia-noite a azafama é estourar o espumante e tirar as guitas dos embrulhos coloridos, que foram colocados cuidadosamente etiquetados à volta do pinheiro, também ele adulterado por plástico “made in china”.


Mas se é alegria para uns, decerto também é tristeza para muitos.

Para os que não têm família, para os que estão doentes e acamados em hospitais ou desterrados em Lares da 3.ª idade.E especialmente para aqueles que se auto-excluíram, e que cada dia que passa são mais, os sem abrigo.


Para estes desejo do fundo do coração, que o seu Natal passe depressa ou mesmo que não exista, porque apesar do seu estado de exilados da sociedade, nesta noite, em que a fome e o frio são mais intensos, não conseguem matar as suas memórias.

Para o Presidente da Nação, Primeiro Ministro e Ministros, Secretários de Estado e deputados, que passam todo o ano a falar da exclusão social, neste dia, e é um só dia, não largam os seu sofá, a sua opipara consoada, para vir dar um abraço ou mesmo entregar um pequeno sorriso, como prenda de Natal.


Aos sem-abrigo, excluídos, doentes, idosos, saiu-lhes concerteza num qualquer dia da sua vida a Fava do Bolo-rei.

Que eles os grandes, não vêem, já todos sabemos e tu?...


NÃO VÊS?

É tempo para tu parares,

para abrir teu coração,

é tempo para tu pensares,

porque sofre aquele irmão?


Não o vês triste e só,

com a face toda enrugada,

a roupa cheia de pó,

e a tigela que não tem nada?


Não o vês deitado no chão,

com uma manta esfarrapada,

e um lençol feito de cartão?


E que no frio da madrugada,

o bafo da respiração,

anuncia uma morte adiada?


A.B. – 20/12/06

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