Num frenesim maluco, as pessoas inundam as lojas, espreitam montras, compram e trocam prendas, fazem jantares de natal.
É a fruta da época.
Já não passamos sem estas correrias, debaixo de iluminarias apelativas, que nos avisam que estamos em plena época natalícia.
Sempre ouvi dizer que o Natal, é a festa da família por excelência, onde todos se reúnem à volta de uma mesa, farta, de famosas iguarias.
É uma noite longa, hoje nem tanto, o Pai Natal já não desce pelas chaminés, nem tão pouco os brinquedos, vêm da sua oficina artesanal, lá para as terras frias do fim do mundo e do Sol da meia-noite.
Hoje em dia, à meia-noite a azafama é estourar o espumante e tirar as guitas dos embrulhos coloridos, que foram colocados cuidadosamente etiquetados à volta do pinheiro, também ele adulterado por plástico “made in china”.
Mas se é alegria para uns, decerto também é tristeza para muitos.
Para os que não têm família, para os que estão doentes e acamados em hospitais ou desterrados em Lares da 3.ª idade.E especialmente para aqueles que se auto-excluíram, e que cada dia que passa são mais, os sem abrigo.
Para estes desejo do fundo do coração, que o seu Natal passe depressa ou mesmo que não exista, porque apesar do seu estado de exilados da sociedade, nesta noite, em que a fome e o frio são mais intensos, não conseguem matar as suas memórias.
Para o Presidente da Nação, Primeiro Ministro e Ministros, Secretários de Estado e deputados, que passam todo o ano a falar da exclusão social, neste dia, e é um só dia, não largam os seu sofá, a sua opipara consoada, para vir dar um abraço ou mesmo entregar um pequeno sorriso, como prenda de Natal.
Aos sem-abrigo, excluídos, doentes, idosos, saiu-lhes concerteza num qualquer dia da sua vida a Fava do Bolo-rei.
Que eles os grandes, não vêem, já todos sabemos e tu?...
NÃO VÊS?
É tempo para tu parares,
para abrir teu coração,
é tempo para tu pensares,
porque sofre aquele irmão?
Não o vês triste e só,
com a face toda enrugada,
a roupa cheia de pó,
e a tigela que não tem nada?
Não o vês deitado no chão,
com uma manta esfarrapada,
e um lençol feito de cartão?
E que no frio da madrugada,
o bafo da respiração,
anuncia uma morte adiada?
A.B. – 20/12/06
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